Um pouco da historia da Maçonaria no Brasil.
A primeira loja regular em Portugal data de 1727, embora se tenha notícias de atividades maçônicas antes disso. Em 1744 o Sr. Sebastião José de Carvalho e Melo, português, foi iniciado em Londres, durante uma festa de São João. Esse cidadão português mais tarde foi sagrado Conde de Oeiras e, depois, Marquês de Pombal, que destacou se em terras brasileiras pelas suas Ordenações Pombalinas.
No Brasil, acompanhamos as pesquisas do saudoso mestre Kurt Prober, com certeza o maior numismata maçônico brasileiro, que sempre escrevia apoiado em sólida documentação, citado em sua bibliografia ("Cadastro Geral das Lojas Maçônicas") que a primeira atividade maçônica brasileira que merece registro foi em 1724, na "Academia Brasílica do Esquecidos", onde foi iniciado o Padre Gonçalves Soares de França, o Coronel (e historiador notável) Sebastião da Rocha Pitta, o Desembargador Caetano de Britto entre tantos outros. Mais tarde todas as atas dessa sociedade secreta foram queimadas.
Existem vestígios da existência, em 1750, de um grande Oriente Maçônico, em Salvador, vinculado ao grande Oriente da França, mas as documentações nunca foram encontradas, seria enfim um grupo de cavaleiros liberais que se reuniam com fortes tendências liberais e republicanas. No Rio posteriormente em 1752 foi criada a Associação Literária dos Seletos, com ares de Associação Maçônica independente.
em 17 de junho de 1822, foi criado o Grande Oriente Brasiliano, hoje Grande Oriente do Brasil – GOB, na celebre sessão dirigida por Goncalves Ledo, que desmembrou a Augusta Respeitosa Loja Simbólica Comercio e Artes, numero 0001 - Primaz do Brasil em outras duas Esperança de Niterói e União e Tranqüilidade, formando a tríplice união da potencia, na mesma época foi aclamado Pedro I, como grande soberano e meses depois a Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, Infelizmente o grande soberano D.Pedro I, desonrou a fraternidade, pois decretou fechamento da mesma e marginalizou qualquer tipo de reunião neste sentido. E exilou Jose Bonifácio de Andrada e Silva, justamente quem o levou para a maçonaria. Neste período a maçonaria, permaneceu no total anonimato, e seus seguidores se reuniam de forma secretíssima. Só voltando a ter sessões publicas, depois da morte de D.Pedro I, e a aclamação de D.Pedro II , grande intelectual e homem de ciências, mas que não era maçom, O Grande Oriente Brasiliano, foi a única potência brasileira a deter o reconhecimento primordial, secular e definitivo da Loja-Mãe da Inglaterra, e inscrito entre as quatro maiores potências maçônicas do mundo.
Muitas destas documentações encontravam se no Palácio Maçônico do Lavradio, quando abrigava o poder central do GOB, no Rio de Janeiro. Vale lembrar, que o Palácio Maçônico, não foi construído para isto. Na verdade era um teatro, construído por uma Companhia Teatral portuguesa, que trazia o nome de A Gloria do Lavradio, que meio a obra da construção, encontrou dificuldades financeiras e alguns irmãos cotizaram e compraram.
Mas voltando as documentações originais, quando o GOB migrou para Brasília, muitos documentos se perderam, alguns por falta de conservação, que se encontravam em estado avançado de decomposição e outros sem misericórdia com a historia foram parar em sacos de lixo, como foi amplamente noticiado, nos jornais da época. No entanto ainda existem alguns documentos, medalhas e aventais espalhados pelo Palácio Maçônico, no centro do RJ e alguns outros no Museu Ariovaldo Vulcano, em Brasília. Por conta desta negligencia de outrora, sempre parece ser possível, encontrar raros documentos maçônicos originais no mundo profano, principalmente entre as feiras de antiguidades espalhadas por todo mundo.
Outro detalhe pertinente sobre a historia da maçonaria no Brasil, seriam os graus filosóficos que vão hoje do 4 ao 33, o quarto de Mestre Secreto ate ao 33 de Grande Inspetor Geral do Rito, no Rito Escocês Antigo e Aceito, o rito mais praticado no Brasil e de certa forma no mundo contemporâneo. Estes graus filosóficos, ates os anos 1970 eram praticados nos templos do Palácio Maçônico do Lavradio, no centro do RJ, só a partir desta época, em 1973 que o saudoso irmão Ariovaldo Vulcano, lança a pedra fundamental da construção da nova sede no Campo de São Cristóvão, no RJ, que foi construído o prédio do Supremo Conselho do Brasil, grau 33, em São Cristóvão. Mesmo assim com materiais antigos adquiridos em antiquários de outras construções mais antigas e itens de arte adquiridos de colecionadores, como seria o caso, do portal de madeira, que hoje faz parte da entrada principal do Supremo Conselho, que era da sede do Automóvel Clube do Brasil , no secular prédio da entidade que se encontra abandonado no Passeio Publico, e que foi vendida em leilão publico, eu mesmo estava presente no dia quando um antiquário arrematou. Logo depois o próprio vendeu ao Supremo Conselho de São Cristóvão. Isto em nada desmerece o Supremo Conselho, mas acho importante ressaltar. Assim como as varias pinturas a óleo sobre tela que se encontram nas dependências do SCB, que são de dois grandes artistas brasileiros, muito amigos e irmãos meus de longa data que hoje se encontram no Oriente Eterno, os irmãos Carlos Gomes e seu irmão Fernando Gomes, e somando a estes dois grandes artistas, podemos acrescentar o saudoso irmão Roberto Silveira Pumar, membro da AMACLERJ, Academia Maçônica de Artes, Cultura e Letras do RJ, e meu eterno padrinho de maçonaria.
Outro detalhe muito importante a se colocar que foi o irmão Francisco Gomes Brandao, posteriormente conhecido como Francisco Jê Acaiaba de Montezuma, Visconde de Jequitinhonha, que fundou o Supremo Conselho do Brasil do grau 33, em 12 de novembro de 1832, tendo como base as Grandes Constituições Gerais da ordem de 1762 e 1786, fundamentada na hierarquia de 33 graus para o Rito Escocês Antigo e Aceito, sob o lema " DEUS MEUNQUE JUS". Alguns anos mais tarde, em 1854 houve a fusão entre com o Grande Oriente do Brasil, sendo que o Soberano Grão-mestre do Grande Oriente do Brasil era ao mesmo tempo Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho.
Assim permaneceu ate 1927, quando por divergências doutrinarias e hierárquicas, ocorre o grande cisma da Maçonaria Brasileira, originado a principio no Supremo Conselho Filosófico o conflito repercute por todas as obediências simbólicas, dos três graus, a partir disto foi criada outra potencia maçônica no Brasil, dissidente a das Grandes Lojas Estaduais Autônomas. Como este fato, de separação não se bastasse em 1929, em Paris na Grande Convenção dos Supremos Conselhos, o Supremo Conselho ligado ao Grande Oriente do Brasil, foi impedido de participar do conclave, enquanto as Grandes Lojas do Brasil, contavam no evento e recebiam foros de legitimidade e regularidade para todo território brasileiro. Sendo assim, ate hoje, o Supremo Conselho do Brasil, para o grau 33 do REAA, reconhecido internacionalmente só o das Grandes Lojas, que tem sede em Jacarepaguá, no RJ. O Supremo Conselho do Brasil, de São Cristóvão, não possui amplo reconhecimento internacional. Por mais que ora por outra firmam se tratados de amizade mas não tem seu amplo reconhecimento no exterior, só são reconhecidos por ele mesmo. Ate por que não pode existir, dois Supremos Conselhos Regulares, do mesmo rito em lugar algum.
Dr. Ricardo V. Barradas.