sábado, 19 de outubro de 2013

O PELICANO


Contava se em uma antiga lenda medieval desde o tempo das guildas dos construtores que um pelicano saiu de seu ninho em busca de comida para os seus recém-nascidos filhotes. Mesmo com todo cuidado não notou que por perto se escondia um voraz predador, só esperando a sua ausência para atacar o ninho e devorar os indefesos filhotes. Mal o pelicano desapareceu no horizonte, o predador atacou os coitadinhos, que ainda não tinham aprendido a voar e nem a se defender das ameaças naturais.
O predador devorou a todos, só deixando como sobra as pequeninas ossadas com as penas que mal começavam a aparecer.
Quando o pelicano voltou ao ninho com o alimento para os filhotes deparou com a tragédia que ocorrera. Atirando-se sobre os corpos dos filhotinhos mortos e chorou por horas e horas, até que suas lágrimas secaram.

Sem mais lágrimas para chorar pelos filhotes mortos, começou a bicar o próprio peito, fazendo verter sobre o corpo de cada pequeninos o sangue que jorrava dos ferimentos que ele mesmo provocara com aquela mutilação. No seu desespero não percebeu que as gotas do seu próprio sangue, pouco a pouco iam reconstituindo na dor a vida dos seus filhos mortos. E assim, com o sangue do seu sacrifício e a prova do seu forte amor, a sua família ressuscitou para sempre.